O crescimento da tecnologia digital, especialmente na área de Inteligência Artificial (IA), tem mudado de forma significativa a forma como vivemos e interagimos com o mundo.
Essas transformações impactam diretamente o Direito. No Brasil, embora a regulamentação da IA ainda esteja em estágio inicial, já existem propostas e normas relevantes que ajudam a estruturar esse novo cenário jurídico.
Além disso, o uso cada vez maior de algoritmos em áreas como finanças, plataformas digitais e políticas públicas exige atenção dos profissionais do Direito quanto à garantia de direitos, à transparência dos sistemas e à responsabilidade em caso de falhas ou prejuízos.
IA e algoritmos sob a ótica constitucional e civil
Direitos fundamentais e decisões algorítmicas
Algoritmos que afetam diretamente a vida das pessoas, como decisões sobre crédito, seleções públicas ou até sentenças judiciais precisam respeitar princípios como legalidade, isonomia, publicidade e devido processo.
O Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados já trazem fundamentos importantes nesse contexto, ao exigir transparência e garantir o direito à revisão humana em decisões automatizadas.
Art. 20 da LGPD: “O titular dos dados pessoais tem direito a solicitar a revisão de decisões tomadas unicamente com base em tratamento automatizado de dados pessoais que afetem seus interesses.”
Responsabilidade civil por decisões automatizadas
A jurisprudência brasileira ainda está em construção nesse tema, mas já há entendimento de que, quando houver prejuízo por falhas em sistemas automatizados, pode-se aplicar a lógica da responsabilidade objetiva, como previsto no Código de Defesa do Consumidor.
Por isso, a atuação jurídica preventiva é fundamental. Entre as medidas mais comuns estão: identificar riscos legais em sistemas de IA, prever cláusulas específicas em contratos e implementar políticas claras de governança de algoritmos.
Projetos legislativos sobre Inteligência Artificial no Brasil
O Senado aprovou no final do último ano o marco regulatório da Inteligência Artificial. O texto propõe princípios como:
- Uso da IA deve seguir regras éticas e jurídicas.
- Direitos autorais serão protegidos por lei.
- Empresas devem informar obras usadas no treinamento.
- Autores podem vetar o uso de suas criações.
O projeto evidencia uma tentativa do Legislativo de estabelecer diretrizes para uma estrutura que leve em conta o uso crescente da IA em diversas áreas, ainda que haja debate sobre seus possíveis impactos no desenvolvimento e na competitividade do país.
Conclusão: o papel estratégico do Direito frente à IA
O Brasil segue em processo de consolidação de um arcabouço jurídico para lidar com os desafios da Inteligência Artificial. Mesmo com normas específicas como a LGPD, há muito espaço para evolução.
Advogados que atuam nessas áreas têm um papel cada vez mais relevante, não apenas para resolver disputas, mas também para prevenir riscos e garantir que a inovação tecnológica respeite os direitos fundamentais.
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